18.1.06

caos


não tranquei as portas, nem fechei as janelas. que entrem os pássaros na casa abandonada. que invadam a cozinha. quebrem os copos, batendo suas asas. que entrem na sala. rasguem os sofás com suas bicadas. revelem a espuma sob o tecido. que entrem no quarto escuro. façam seus ninhos entre os travesseiros. no quente da cama desarrumada. que se escondam entre os livros da estante empoeirada. nos vãos. que entrem os pássaros e vasculhem as gavetas. que levem meus escritos, como pombos-correio. meus rascunhos do lixo. as portas estão abertas. assim como as janelas. que entrem os pássaros e transformem em caos a vida pacata deixada pra trás.