2.3.05

autocrítica


chove demais no que eu escrevo. não há espaço para céu limpo. a cidade é sempre cinza. o vento sempre leva alguma coisa. os cabelos. um papel. uma barra de vestido. há dor demais no que eu escrevo. não existem amores perfeitos. a lágrima é sempre de saudade. as fotos estão rasgadas. as frases no avesso. na cama, sempre sobra um maldito travesseiro. só há lugar para cd's úmidos, tocando pelo apartamento. letras tristes. rimas imperfeitas. há exagero demais no que escrevo. tempestades em copos pequenos. gritos. berros. palavrões. calúnias. traições. há mentiras demais. arrependimentos demais. minha vida. demais. talvez por isso, e apenas por isso, seja preciso colocar uma outra e não a minha, naquilo que escrevo.